domingo, 27 de fevereiro de 2011

Surfistinha?

Fui ver estes dias o tal filme da Bruna Surfistinha, em que ela é representada por Débora Secco.

Me arrependi.

Muito ruim o filme. A única excessão - que aliás se destaca bem - é atuação de Drica Morais, que faz a chefe da 'casa' em que Raquel (nome real de Bruna) estréia sua profissão GP ('garota de programa' no jargão mais atual).

De tão ruim o filme não consegue se posicionar em nenhuma categoria.

Errado no foco a película terminou ficando mais parecida mesmo com uma daquelas antigas pornochanchadas dos anos 70, produções nacionais pitorescas que enchiam os cinemas, principalmente no interior, e que valiam-se da repressão sexual vigente à época ao colocar-se como - digamos - uma grotesca alternativa, uma opção de prazer (não apenas de lazer muito menos de cultura).

Peraí... não que eu seja daquela época (nasci em 69 - refiro-me ao ANO...). É que eu ouvi falar sobre aquela onda 'cinematográfica' - falando aqui metalinguisticamente (sem redundância).

Esclarecimento feito, voltemos a Bruna:

Com todo respeito, acho que as pessoas já deram bola demais para esta menina. Diário, blog, livro, filme... com que conteúdo? Uma história triste, um drama de alguém que se viu obrigada a ingressar no submundo da prostituição e das drogas por necessidade? Uma abordagem sociológica deste tema? Uma Christiane F. paulista? Não! Nada disto. Tudo puro Lixo.

Ah... mas há aquela tendência meio 'voyer' que as pessoas têm de ouvir relatos picantes sobre a práticas sexuais... Há o elemento de curiosidade de saber como é o dia-a-dia de alguém que vive... do sexo. Há os que buscam neste tipo de experiência inspiração para melhorar sua rotina caseira, aquecer sua relação na cama... 

Bom, por aí, diria: o efeito é contrário. O filme estragará algo que já não esteja tão bem, se é o caso... Chega a ser 'gasturento' ou 'asqueroso' neste quesito. Avilta e desqualifica por completo qualquer iniciativa mais ousada de um casal na cama.

Então...

Quer algo de qualidade, com sagacidade, com humor, com forte elemento erótico e, sobretudo, com arte... veja a performance de Fernanda Torres na bela adaptação d'A Casa dos Budas Ditosos - de João Ubaldo Ribeiro - para o Teatro. Ou, mais fácil, leia o livro.

Obs: desculpas a João Ubaldo pelo comparativo aqui.

 

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